Filho de família de origem inca, o fotógrafo Martín Chambi foi o primeiro fotógrafo indígena latino-americano. Sua obra são verdadeiras pinturas fotográficas em branco e preto inspiradas no jogo de luz de pintores como Rembrandt e Caravaggio. Com boa parte da obra produzida na primeira metade do século 20, retratou sob ótica singular a diversidade e riqueza cultural de um povo geralmente pouco conhecido.
A origem humilde, de família de agricultores, influenciou diretamente seu olhar sobre o cotidiano peruano. O interesse pela fotografia começou quando seus pais mudaram-se acompanhado o ciclo de ouro e começaram a trabalhar para a mineradora inglesa Santo Domingo. O jovem conseguiu um lugar como auxiliar do fotógrafo oficial da empresa. Anos mais tarde, passou a desempenhar a mesma função para o famoso Max T. Vargas.
Em pouco tempo, Chambi tornou-se independente e começou a ganhar fama em nível nacional. Apesar de ser natural da pequena vila de Coaza e ter desenvolvido o trabalho inicial em Arequipa, a cidade de Cuzco foi a grande musa na maior parte do trabalho. Pouco depois da chegada em 1920, abriu um estúdio na cidade e rapidamente tornou-se o preferido da burguesia local. Todos os eventos sociais cuzquenhos eram registrados por ele. Logo, suas fotografias também começaram a ser publicadas regularmente na imprensa local e internacional, em jornais como "La Nacion" da Argentina.
O lado mais interessante da obra de Chambi, no entanto, está no registro da paisagem andina, dos monumentos incas e no enaltecimento da cultura indígena. Viajando pelo país em lombo de mula, ele dividia o tempo entre os serviços para alta burguesia e trabalhos pessoais. Foi o primeiro a registrar, por exemplo, a cidade de Machu Pichu, descoberta em 1911 por Hiram Bingham. O rosto e as tradições dos índios são outro ponto comum nas fotos.
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