terça-feira, 26 de abril de 2011

Julia Margaret Cameron

The Kiss of Peace - 1867

Julia Margaret Cameron considerada uma grande excêntrica da fotografia nasceu no Ceylan em 11 de Junho de 1815 em Calcutá (Índia), no seio de uma família de dez irmãos. Filha de escocês e franceses pertencentes à sociedade bengalense foi educada na França até os 19 anos, onde regressou de novo à Índia.

Aos 21 anos conheceu Sir. John. Herschel que mais tarde implantou os termos (positivo - negativo em fotografia), e autor da descoberta das propriedades do tio sulfito como fixador. Sendo Sir. John Herschel o assessor fotográfico de Cameron.

Casada com um homem vinte anos mais velho que ela, excelente jurista e plantador de chá, viveu na Índia até os trinta e três anos, depois mudou-se com toda sua família à Ilha de Wight, na Inglaterra.

Teve seis filhos e outros adotados, por este motivo vivia num grande casarão, que sempre se encontrava cheio de poetas, artistas e cientistas da época victoriana.

Quando contava já com quarenta e oito anos, e por causa de uma viagem de seu marido, sua irmã a presenteou com uma câmera para acalmar a solidão pela ausência do companheiro.

Este fato teve um forte impacto em Julia que a fez dedicar-se plenamente à fotografia.Transformou e adaptou uma carbonera da casa num improvisado laboratório e um quarto de meninos em seu estúdio, e se dedicou a realizar fotografias, retratos em sua imensa maioria, de seus familiares, amigos, criados,... obrigando-lhes em muitas ocasiões a posar longos períodos de tempo devido às investigações que levava a cabo com a luz e as placas.

Teve uma grande inspiração em pintores românticos da época para realizar suas alegorias, muitas delas de âmbito religioso, que causaram grande admiração em suas convenções, recebendo grandes felicitações por suas interpretações.

Henry, um de seus três filhos abriu um estúdio fotográfico em Londres. Em 1863 sua filha lhe presenteou com sua primeira câmera fotográfica construída em madeira com uma objetiva da marca Jamin e equipamentos de revelação, graças à assistência de John Herschel em poucos meses dominou o processo em colodión.

Julia Margaret Cameron fotografava retratos tipo "carte de visite" de seus amigos famosos, com a meta de reproduzir "a grandeza interior do homem e ao mesmo tempo mostrar seus traços físicos". Considerava a fotografia a "arte divina". Fotografava só por satisfação própria pois não tinha problemas financeiros.

Desenvolveu o conceito de "foco crítico", que para a época era visto como imprecisão fotográfica. Julia Margaret Cameron, faleceu em 1879.

fonte: http://www.fotodicas.com/biografias/julia_margaret_cameron.html
Alice Liddell, 1872 - A "Alice no país das maravilhas" freqüentadora da sua casa por ser amiga de uma de suas filhas

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Estudos do Movimento no séc XIX: Marey e Muybridge

No século XIX, dois nomes se destacam por seus trabalhos de foto-seqüência: Etienne-Jules Marey e Eadweard Muybridge. Suas experiências de cunho científico com fotografias em série contribuíram com a invenção do cinema. A cronofotografia de Marey decompunha o movimento em um único fotograma, já Muybridge registrava os diversos momentos de um movimento com a utilização simultânea de várias câmeras fotográficas.
Muybridge
"O fotógrafo inglês Eadweard J. Muybridge (1830-1904), operando máquinas fotográficas, conseguiu realizar, em 1872, as primeiras filmagens da história, captando o movimento com uma perfeição inédita até então (é preciso lembrar que diversos fotógrafos já haviam tentado variados e desajeitados procedimentos de se “animarem” as fotografias, desde 1851). Radicado em São Francisco – EUA, Muybridge já era um profissional renomado quando foi procurado pelo milionário californiano Leland Stanford, possuidor de cavalos de corrida, que havia feito uma aposta e queria que o fotógrafo o ajudasse a ganhá-la. A aposta envolvia uma questão muito acalorada no debate de então: será que, quando um cavalo está a correr, suas quatro patas chegam a ficar suspensas no ar ao mesmo tempo, por um breve momento que seja? O cientista francês Marey, fascinado pelos movimentos dos animais, dizia que sim.


Para testar a hipótese, Muybridge (graças aos fecundos recursos financeiros do empresário) construiu um complicado dispositivo para tentar captar todos os detalhes do movimento do cavalo: ao longo da pista de corrida foram colocadas vinte e quatro câmaras fotográficas, preparadas por vinte e quatro fotógrafos que instalavam nelas, muito rapidamente e ao sinal de um apito, vinte e quatro placas de emulsão com uma fórmula química especial que ajudava a captar um objeto em movimento; a velocidade do processo era essencial, pois as placas secavam muito rapidamente, deixando de ser sensíveis. Uma vez lançado o cavalo, as fotos eram batidas automaticamente, conforme o animal ia rompendo cordões atravessados na pista ligados a dispositivos elétricos que acionavam as câmaras – invenção que se deve ao engenheiro-chefe da Southern Pacific Railroad, John D. Isaacs.


Levou vários anos para que o processo fosse aperfeiçoado a ponto de dar 100% certo. Em 1877, Muybridge conseguiu resolver o famoso debate da aposta com uma única fotografia, que mostrava o cavalo “voando” no ar. Mas este negativo não sobreviveu. A importante série de fotos, chamada Horse in Motion (Cavalo em Movimento) e que se encontra hoje na Universidade de Stanford, foi tirada em 1878."  fonte: http://sombras-eletricas.blogspot.com/2008/03/os-pioneiros-muybridge-e-marey.html


“A fotografia, científica e/ou artística, pode também nos dar uma outra representação dos fenômenos. O trabalho de Muybridge e o de Etiénne-Jules Marey são a prova disso. O ultimo é um sábio, titular da cátedra de História Natural dos Corpos Organizados no Coll`ege de France. Em 1882, para compreender a locomoção, realiza num segundo, com seu ‘fuzil fotográfico’, doze imagens sucessivas de um homem que caminha, pula ou corre, sendo que cada imagem foi produzida em 1/720 de segundo. Compreende-se melhor então o princípio do caminhar, do saltar ou do correr. Dessa forma a ciência se enriquece apreendendo fenômenos não captáveis pela retina humana.” (SOULAGES, 2010)
"Fuzil Fotográfico" - Marey


sexta-feira, 1 de abril de 2011

"The Two Ways of Life" - Oscar Gustav Rejlander

"Fotografia é direção, arranjo, combinação."

The Two Ways of Life - Rejlander,1857

Esta é a fotografia mais famosa de Rejlander. Chamada "As Duas Formas de Vida", retrata um sábio orientando dois jovens que entram para a idade adulta. Um olha com alguma ansiedade para o jogo, o vinho, a prostituição e o descanso, enquanto outro olha (com menos euforia) para figuras que representam a religião, a indústria, as famílias e as boas obras. 

Esta foto foi duramente criticada. A fotomontagem, a direção de fotografia e o uso de modelos nus, tudo isso foi rejeitado na época. A foto foi composta de 32 fotogramas diferentes e claramente influenciada pelo pintor Rafael e seu quadro "A Escola de Atenas". A diferença entre os dois era que na pintura de Rafael existia a comparação entre a ciência e a filosofia. A dificuldade técnica e composição, bem como a coragem do fotógrafo são os elementos que tornam esta foto tão especial. Embora tenha havido uma grande reação contra ele e seu trabalho, conseguiu atrair compradores ricos, entre os quais a rainha Vitória que comprou uma das poucas cópias dessa foto.

"A Escola de Atenas" - Rafael

Visão inglesa da Fotografia em 1857 por Lady Elizabeth Eastlake (esposa do diretor da National Gallery of Art de Londres)

"Fotografia é uma nova forma de comunicação entre os homens, diferente da carta, do bilhete, ou mesmo da pintura (...) Longe de ser um obstáculo para espelhar a natureza, o que é uma afirmação normalmente tão triunfante quanto equivocada, a fotografia é bonita, ingênua e valorizada em seu poder de reflexão, e ainda é sujeito de algumas distorções e deficiências, para as quais não temos remédio. A ciência entretanto, que desenvolveu as pesquisas para a fotografia, traiu-a gloriosamente em seus defeitos. Quanto mais perfeitamente você se submete a uma máquina imperfeita, mais essas imperfeições virão `a tona: é desnecessário perguntar se a arte foi beneficiada, pois a natureza, sua única fonte e modelo, foi acuradamente imitada."

Sobre Arte e Fotografia no Salão de 1859 - Charles Baudelaire

"Nestes tempos deploráveis, surgiu uma nova indústria, que muito contribuiu para confirmar a tolice na sua fé e para destruir o que se podia restar de divino no espírito francês. Essa multidão idólatra postulava um ideal digno de si e apropriado `a sua natureza, isso é evidente (...) Creio na natureza, e apenas na natureza (há boas razões para isso). Creio que a arte é e não pode ser senão a reprodução exata da natureza (uma seita tímida e dissidente quer que os objetos repugnantes sejam afastados, como por exemplo, um urinol ou um esqueleto). Assim, o engenho que nos desse um resultado idêntico `a natureza seria a arte absoluta. (...) Um Deus vingativo atendeu os pedidos dessa multidão. Daguerre foi seu Messias. E então ela diz pra si mesma: 'Já vi que a fotografia nos dá todas as garantias desejáveis de exatidão (eles acreditam nisso, os insensatos), a arte é a fotografia.' A partir desse momento, a sociedade imunda precipitou-se, como um único Narciso, para contemplar sua trivial imagem sobre o metal. Uma loucura, um fanatismo extraordinário apoderou-se de todos esses novos adoradores de Sol. (...) Como a indústria fotográfica era o refúgio de todos os pintores fracassados, sem talento ou demasiado preguiçosos para concluírem seus esboços, essa mania coletiva possuía não só o caráter da cegueira e da imbecilidade, mas assumia também o gosto de uma vingança. (...) Se se permitir que a fotografia substitua a arte em algumas de suas funções, em breve ela suplantará - ou a corromperá - completamente, graças `a aliança natural que encontrará na estupidez da multidão. É necessário, portanto, que ela se limite a seu verdadeiro dever, que é ser a serva, como a imprensa e a estengrafia, que não criaram nem substituíram a literatura. Que enriqueça rapidamente o álbum de viajante e restitua a seus olhos a precisão que faltaria`a sua memória, que enfeite a biblioteca do naturalista, amplie os animais microscópicos, até fortaleça com algumas informações as hipóteses do astrônomo, que seja, enfim, a secretária e o bloco de notas de quem quer que necessite de uma absoluta exatidão material em sua profissão, até aí nenhuma objeção. Que salve do esquecimento as ruínas pendentes, os livros, as estampas, os manuscritos que o tempo devora, as coisas preciosas cuja forma vai desaparecer e que exigem um lugar nos arquivos de nossa memória, se lhe agradecerá e aplaudirá. Mas se for permitido invadir o campo do impalpável e do imaginário, aquilo que vale somente porque o homem aí acrescenta algo da própria alma, então pobre de nós!"